quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR MUNDIAL


Blog História do Ensino Superior Mundial, de autoria de Álaze Gabriel. Disponível em http://historiadoensinosuperiormundial.blogspot.com.br/


ORIGEM DAS UNIVERSIDADES E FACULDADES NO MUNDO

Embora, dentro da definição moderna, as primeiras universidades tenham surgido na Europa medieval, durante o renascimento do Século XII, numa definição mais abrangente, a Academia, fundada em 387 a.C. pelo filósofo grego Platão no bosque de Academos próximo a Atenas, pode ser entendida como a primeira universidade. Nela os estudantes aprendiam filosofia, matemática e ginástica. Não constituía, entretanto, realmente uma universidade, porquanto cada pensador fundava uma escola para repassar seus conhecimentos, não para debatê-los. Contudo só na Idade Média foi que as universidades ganharam corpo e foram estabelecidas pela Igreja Católica onde seus alunos aprendiam disciplinas relacionadas com a fé, como teologia, filosofia e idiomas.
Antes disso, as únicas instituições comparáveis às universidades eram os mosteiros que se dedicavam ao estudo da teologia, filosofia, literatura e eventos naturais sob o ponto de vista da religião, mas que, por muito tempo, foram os responsáveis pela preservação da cultura e dos conhecimentos da época.
Fora isso, podemos considerar também os estudiosos “livre-pensadores” como os alquimistas e os filósofos, principalmente os gregos, como Aristóteles (384-322 a.C.) que dava aulas públicas no jardim de sua casa, o Lyceum, e que sozinhos ou em grupos dedicavam a vida à tentativa de entender e modificar o mundo a sua volta.
Se os filósofos clássicos foram os responsáveis por libertar a sociedade da época do misticismo excessivo, discutir os melhores meios de ordenar o conhecimento e dar forma ao pensamento lógico e à ética, a Igreja, por outro lado, fez com que o conhecimento por muito tempo se relegasse a uma tentativa de explicar o universo (que eles ainda nem imaginavam o que seria) por meio de Deus e corroborar o que havia sido escrito nas Sagradas Escrituras. Qualquer manifestação que fosse contrária a isso, é claro, era considerada herege, incluindo os estudos dos alquimistas e filósofos que por muito tempo foram perseguidos. Mas, durante o final da Idade Média esse pensamento começou a ser questionado e logo as associações estudantis foram adquirindo direitos.
As primeiras universidades da Europa foram fundadas na Itália e na França para o estudo de direito, medicina e teologia. Antes disso, instituições semelhantes existiam no mundo islâmico, sendo a mais famosa a do Cairo. Na Ásia, a instituição de ensino superior mais importante era a de Nalanda, em Bihar, Índia, onde viveu no século II o filósofo budista Nagarjuna. Na Europa rapazes encaminhavam-se à universidade após completar o estudo do trivium: as artes preparatórias da gramática, retórica e lógica ou dialética; e do quadrivium: aritmética, geometria, música e astronomia.
Na Grécia, no século V a.C., aparecem os primeiros professores, profissionais e remunerados, do ensino superior, embora não mantivessem escolas como instituições. Seu método poderia ser definido como um preceptorado coletivo, por se incumbirem da formação completa dos jovens que lhes eram confiados. No próximo século, a educação grega passa a supor um conjunto complexo de estudos com curso de retórica, filosofia e medicina. Os romanos incorporaram a educação grega. O curso superior tratava basicamente da oratória. A originalidade do ensino latino foi oferecer a carreira jurídica, e sua importância foi a de ter difundido o ensino grego. Com o advento do cristianismo, as escolas leigas foram substituídas pelas religiosas, que se tornam um único instrumento de aquisição e transmissão de cultura.
No século VI d.C. na Europa continental, todo ensino era ministrado pela Igreja Católica. A Universidade é o resultado de uma longa preparação que vai do século VII ao século XII, como corporação constituída juridicamente dos mestres e discípulos, programas estabelecidos, cursos regulares e com graus acadêmicos. O pensamento cristão foi um esforço generalizado para recuperar, conservar, incorporar e assimilar os valores morais, políticos, jurídicos, literários e artísticos do mundo criado pela Grécia e por Roma. O ensino era transmitido na língua litúrgica da cristandade. Mas esse caráter canônico não demorou a provocar revolta entre alunos e professores: reivindicaram um debate mais aberto e mais fundamentado sobre aquelas ‘novas’ teorias dos antigos gregos, procuraram organizar-se e libertar-se da supervisão rígida dos diretores eclesiásticos. Percebendo as vantagens do corporativismo: influência nas economias nacionais, independência face aos princípios etc., estudantes e professores seguiram o mesmo caminho. Corporações estudantis, denominadas ‘universidades’, organizaram-se independentes do rei e do bispo.
A raiz das Universidades esta no século IX com as escolas monásticas da Europa, especialmente para a formação dos monges, mas que recebiam também estudantes externos. Depois, no século XI surgiram as escolas episcopais; fundadas pelos bispos, os Centros de Educação nas cidades, perto das Catedrais. No século XII surgiram centros docentes debaixo da proteção dos Papas e Reis católicos, para onde acorriam estudantes de toda Europa.
O ensino superior na Idade Média era ministrado por iniciativa da Igreja. A Universidade medieval não tem precedentes históricos; no mundo grego houve escolas públicas, mas todas isoladas. No período greco-romano cada filósofo e cada mestre de ciências tinham “sua escola”, o que implicava justamente no contrário de uma Universidade. Esta surgiu na Idade Média, pelas mãos da Igreja Católica, e reunia mestres e discípulos de várias nações, os quais constituíam poderosos centros de saber e de erudição.
A Universidade de AL-Karueein, em Fes (Marrocos), é parte de uma mesquita (lugar de adoração do islamismo), fundada em 859 por Fátima Al-Fihria, a filha de um rico comerciante chamado Mohammed Al-Fihri. A família de Al-Fihri teria migrado de Kairouan, Tunísia para Fes no início do século 9, juntamente com uma comunidade de outros imigrantes de Kairouan. Fátima e sua irmã Mariam, herdaram muito dinheiro de seu pai e Fátima fez uma promessa de gastar toda sua herança na construção de uma mesquita própria para sua comunidade. Além do local de adoração, também foi criado um lugar para instruções religiosas e discussão política, gradualmente estendendo sua educação em vários assuntos, particularmente ciências naturais. Nos tempos medievais, Al-Karueein mostrou um papel de liderança no intercâmbio cultural e de transferência de conhecimentos entre muçulmanos e europeus.
A Universidade de Al-Azhar (o mais florido e brilhante) localiza-se em Cairo (Egito). Além de universidade, é uma mesquita. Foi fundada como escola de teologia na dinastia dos Fatímidas, em 988, sendo a segunda mais antiga universidade do mundo. Ao contrário da maioria das universidades, só admitem estudantes que praticam o islamismo. Em 1961, Al-Azhar foi re-organizada pelo governo de Nasser e várias faculdades foram adicionadas à universidade, tais como, medicina, engenharia e agricultura.
Por volta de 1100, no meio de uma grande fermentação intelectual, começam as surgir as universidades de uma forma constante; o orgulho da Idade Média cristã, irmãs das Catedrais. A sua aparição é um marco na história da civilização Ocidental que nenhum historiador tem coragem de negar. Elas nasceram às sombras das Catedrais e dos mosteiros. Logo receberam o apoio das autoridades da Igreja e dos Papas. Assim, diz Daniel Rops, “a Igreja passou a ser a matriz de onde saiu a Universidade” (A Igreja das Catedrais e das Cruzadas, pág. 345). Tudo isso nesta bela época que alguns teimam em chamar maldosamente de “obscura” Idade Média. A razão e a fé sempre caminharam juntas na Igreja.
A primeira Universidade do mundo Ocidental foi a de Bolonha (1158), na Itália, que teve a sua origem na fusão da escola episcopal com a escola monacal camaldulense de São Félix. Em 1200 Bolonha tinha dez mil estudantes (italianos, lombardos, francos, normandos, provençais, espanhóis, catalães, ingleses germanos, etc.). A segunda, e que teve maior fama foi a Universidade de Paris, a Sorbone, que surgiu da escola episcopal da Catedral de Notre Dame. Foi fundada pelo confessor de S. Luiz IX, rei de França, Sorbon. Ali foram estudar muitos grandes santos como Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e São Tomás de Aquino. A universidade de Paris (Sorbonne) era chamada de “Nova Atenas” ou o “Concílio perpétuo das Gálias”, por ser especialmente voltada à teologia.
O papa Inocêncio III (1161-1216), que buscava maior prestígio, em detrimento de igrejas e soberanos nacionais, apoiou as universidades. em 1229, ocorreu a primeira greve estudantil da história. A independência da universidade foi reconhecida na França por São Luís e Branca de Castella. Luta semelhante desenvolveu-se na Inglaterra, na Universidade de Oxford, levando o rei Henrique III a concordar com a autonomia universitária, em 1240. As universidades conseguiram direito à greve, monopólio dos exames, atribuição de graus, diplomas, autonomia jurídica e possibilidade de apelar diretamente ao papa. Acredita-se que a mais antiga universidade seja a de Salerno, que no século X já dispunha de uma escola de medicina. Com ela rivalizam em antiguidade as de Paris e Bolonha, seguidas pelas de Oxford, Cambridge, Montpellier, Salamanca, Roma e Nápoles. Na Alemanha, no século XV surgem Hcidelberg e Colônia. A Universidade emergiu da exigência de vida em comum daqueles que, como mestres e aprendizes, dedicavam-se às ciências e à vida intelectual. Na origem da universidade estava a transição da humanidade de uma etapa para a outra: da vida rural para a vida urbana, do pensamento dogmático para o racionalismo, do mundo eterno e espiritual para o mundo temporal e terreno, da Idade Média para a Renascença. A universidade é filha da transição e elemento dos novos tempos e de novo paradigma. Por muitos séculos, os grandes avanços do conhecimento foram realizados no trabalho universitário, ou em torno dele.
O documento mais antigo que contém a palavra “Universitas” utilizada para um centro de estudo é uma carta do Papa Inocêncio III ao “Estúdio Geral de Paris”. A universidade de Oxford, na Inglaterra surgiu de uma escola monacal organizada como universidade por estudantes da Sorbone de Paris. Foi apoiada pelo Papa Inocêncio IV (1243-1254) em 1254.
Salamanca é a Universidade mais antiga da Espanha das que ainda existem, fundada pela Igreja; seu lema é “Quod natura non dat, Salmantica non praestat” (O que a natureza não nos dá, Salamanca não acrescenta”. Entre as universidades mais antigas está a de Santiago de Compostela. A cidade foi um foco de cultura desde 1100 graças ao prestígio de sua escola capitular que era um centro de formação de clérigos vinculados à Catedral. A Universidade de Valladolid é anterior à de Compostela já que em 1346 obteve do papa Clemente VI a concessão de todas as faculdades, exceto a de Teología.
Em 1499 o Cardeal Cisneros fundou a famosa universidade “Complutense” mediante a Bula Pontifícia concedida pelo Papa Alexandre VI. Nos anos de 1509-1510 já funcionavam cinco Faculdades: Artes e Filosofía, Teología, Direito Canônico , Letras e Medicina.
Até 1440 foram erigidas na Europa 55 Universidades e 12 Institutos de ensino superior, onde se ministravam cursos de Direito, Medicina, Línguas, Artes, Ciências, Filosofia e Teologia. Todos fundados pela Igreja. O Papa Clemente V (1305-1314) no Concílio universal de Viena em 1311, mandou que se instaurassem nas escolas superiores cursos de línguas orientais (hebreu, caldeu, árabe, armênio, etc.), o que em breve foi feito também em Paris, Bolonha, Oxford, Salamanca e Roma.
A atual Universidade de Roma, La Sapienza – onde tristemente estudantes e professores impediram o Papa Bento XVI de proferir a aula inaugural em 2008 – foi fundada há sete séculos, em 1303, pelo Papa Bonifácio VIII (1294-1303), com o nome de “Studium Urbis”.
Das 75 Universidades criadas de 1100 a 1500, 47 receberam a Bula papal de fundação, enquanto muitas outras, que surgiram espontaneamente ou por decisão do poder secular, receberam em seguida a confirmação pontifícia, com a concessão da Faculdade de Teologia ou de Direito Canônico. (Sodano, 2004). As universidades atraíam multidões de estudantes, da Alemanha, Itália, Síria, Armênia e Egito. Vinham para a de Paris chegavam a 4000, cerca de 10% da população.
Só na França havia uma dezena de universidades: Montepellier (1125), Orleans (1200), Toulouse (1217), Anger (1220), Gray, Pont-à-Mousson, Lyon, Parmiers, Norbonne e Cabors. Na Itália: Salerno (1220), Bolonha (1111), Pádua, Nápoles e Palerno. Na Inglaterra: Oxford (1214), nascida das Abadias de Santa Frideswide e de Oxevey, Cambridge. Além de Praga na Boêmia, Cracóvia (1362), Viena (1366), Heidelberg (1386). Na Espanha: Salamanca e Portugal, Coimbra. Todas fundadas pela Igreja. Como dizer que a Idade Média cristã foi uma longa “noite escura” no tempo? As universidades medievais foram centros de intensa vida intelectual, onde os grandes homens se enfrentavam em discussões apaixonadas nos grandes problemas. E a fé era o fermento que fazia a cultura crescer.
Graças ao latim todos se entendiam, era a língua universal e acadêmica; esta permitia aos sábios comunicar-se de um ponto a outro da Europa Ocidental. Havia uma unidade interna e de obediência aos mesmos princípios; era o reflexo de uma civilização vigorosa, segura de sua força e de si mesma.
A partir de 1250 o grego foi ensinado nas escolas dominicanas e, a partir de 1312 nas universidades de Sorbonne, Oxford, Bolonha e Salamanca. Abria-se assim um novo campo ao pensamento que desencadeou uma onda de paixão filosófica no nascimento da Escolástica-teologia e filosofia unidas para provar uma proposição de fé.
Santo Agostinho, Cassidoro, Santo Isidoro de Sevilha, Rábano Mauro e Alamino, os grandes mestres da Antigüidade, se apoiavam sobretudo nas Sagradas Escrituras. Agora o intelectual cristão da Idade Média quer demonstrar que os dogmas estão de acordo com a razão e que são verdadeiros. É a “teologia especulativa”, onde a filosofia é amiga da teologia. Os problemas do mundo são estudados agora sob esta dupla ótica.
A Universidade medieval era um mundo turbulento e cosmopolita; os estudantes de Paris estavam repartidos em quatro nações: os Picardos, os Ingleses, os Alemães e os Franceses. Os professores também vinham de diversas partes do mundo: havia Sigério de Brabante (Bélgica), João de Salisbury (Inglaterra), S. Alberto Magno (Renânia), S. Tomás de Aquino e São Boaventua da Itália.
Os problemas que apaixonavam os filósofos, eram os mesmos em Paris, em Oxford, em Edimburgo, em Colônia ou em Pavia. O mundo estudantil era também um mundo itinerante: os jovens saiam de casa para alcançar a Universidade de sua escolha; voltavam para sua terra nas festas. O sistema universitário que temos hoje com cursos de graduação, pós-graduação, faculdades, exames e graus veio diretamente do mundo medieval.
Os papas sabiam bem da importância das universidades nascentes para a Igreja e para o mundo, e por isso intervinham em sua defesa muitas vezes. O Papa Honório III (1216-1227) defendeu os estudantes de Bolonha em 1220 contra as restrições de suas liberdades. O Papa Inocêncio III (1198-1216) interveio quando o chanceler de Paris insistiu em um juramento à sua personalidade. O Papa Gregório IX (1227-1241) publicou a Bula “Parens Scientiarum” em nome dos mestres de Paris, onde garantiu à Universidade de Paris (Sorbonne) o direito de se auto-governar, podendo fazer suas leis em relação aos cursos e estudos, e dando à Universidade uma jurisdição papal, emancipando-a da interferência da diocese.
O papado foi considerado a maior força para a autonomia da Universidade, segundo A. Colban (1975). Era comum as universidades trazerem suas queixas ao Papa em Roma. Muitas vezes o Papa interveio para que as universidades pagassem os salários dos professores; Bonifácio VIII (1294-1303), Clemente V (1305-1314), Clemente VI (1342-1352), e Gregório XI (1370-1378) fizeram isso. “Na universidade e em outras partes, nenhuma outra instituição fez mais para promover o saber do que a Igreja Católica”, garante Thomas Woods( pg. 51).
O processo para se adquirir a licença para ensinar era difícil. Para se ter idéia da solenidade e importância do ato, basta dizer que em St. Genevève a pessoa para ser licenciada se ajoelhava diante do Vice-chanceler, que dizia:
“Pela autoridade dos Apóstolos Pedro-Paulo, dou-lhe a licença de ensinar, fazer palestras, escrever, participar de discussões… e exercer outros atos do magistério, ambos na Faculdade de Artes em Paris e outros lugares, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém” [Daly, 1961; pg 135].
Uma riqueza da universidade medieval é que era atenta às finalidades sociais. Não se aceitava a idéia de uma cultura desinteressada, ou um saber exclusivamente para seu próprio benefício pessoal. “Deve-se aprender apenas para a própria edificação ou para ser útil aos outros; o saber pelo saber é apenas uma vergonhosa curiosidade”, já havia dito São Bernardo (1090-1153). Imagine uma universidade comandada pela Igreja, com as aulas acontecendo em salões e, ao invés de muitos alunos jovens (alguns ainda com espinha no rosto), um monte de senhores maduros que ainda pagam para assistir às aulas de que necessitam. Imaginou? Assim eram as primeiras universidades.
A primeira universidade  de que se tem notícia é a de Bolonha, Itália, criada em 1150 e que funcionava como foi descrito acima. Naquela época o conhecimento era privilégio de poucos e apenas quem podia pagar se associava a outros interessados para contratar um professor sobre algum dos temas das chamadas “essências universais”. Daí o nome de “universidade”. No fim do século XII a universidade de Bolonha incorporou o primeiro curso de Direito com as disciplinas de retórica, gramática e lógica. A segunda universidade mais antiga é a Universidade de Paris (Sourbonne), fundada em 1214.
Para Inocêncio IV (1243-1254) a Universidade era o “Rio da ciência que rege e fecunda o solo da Igreja universal”, e Alexandre IV (1254-1261) a chamava de: “Luzeiro que resplandece na Casa de Deus” (Daniel Rops, pg.348). Portanto, são maldosos ou ignorantes da História aqueles que insistem em se referir à Idade Média e à Igreja como promotoras da inimizade à Ciência e perseguidora dos cientistas.
Em 1158, os alunos de Bolonha, que eram em sua maioria estrangeiros, ganharam imunidade contra algumas prisões, foram dispensados de pagar impostos e do serviço militar. Na Universidade de Paris, eles eram poupados da Justiça Comum e, conquanto não cometessem heresia ou ateísmo, só podiam ser julgados por tribunais eclesiásticos.
Até os campi surgiram de uma necessidade: a de garantir a ordem e a paz. Visto que os estudantes eram, em sua maioria estrangeiros, havia certa desconfiança, e vez ou outra acabava ocorrendo conflitos com os moradores locais.
O surgimento das universidades na Europa possibilitou a disseminação do pensamento crítico que acabaria por desencadear o Renascimento e, mais tarde o Iluminismo.
A Universidade portuguesa mais antiga é a Universidade de Coimbra, fundada inicialmente em Lisboa em 1290, sendo uma das 10 mais antigas da Europa em funcionamento contínuo.
No Brasil, foi fundada em 1808, a Escola de Cirurgia da Bahia, a primeira dedicada ao ensino superior em terras brasileiras. Mais tarde, vieram as Faculdades de Direito, uma em São Paulo e outra em Olinda, em 1927. A mais antiga instituição com o status de universidade é a Universidade de Manaus, criada em 1909, hoje Universidade Federal do Amazonas. Por fim, a primeira universidade de fato (com cursos de diversas áreas), a Universidade do Rio de Janeiro, criada em 1920. Há outras instituições de ensino superior brasileiras mais antigas, porém não gozavam do status de universidade antes de 1909.
Durante o Brasil Colônia não houve a implantação de nenhuma universidade no território. Algumas tratativas para implantação de cursos superiores, como aquela demandada pela Inconfidência Mineira, não foram aprovadas por Portugal.
Somente com a vinda da Casa Real Portuguesa para o Brasil, em 1808, que algns cursos foram criados no Rio de Janeiro e Salvador para formar profissionais destinados a atender, sobretudo, aos membros do Estado nacional. No entanto não havia ainda uma estrutura que se poderia chamar de universidade.
Universidades são normalmente instituídas por um estatuto ou carta. No Reino Unido, uma universidade é definida por uma carta real e apenas instituições com tal documento podem oferecer diplomas de quaisquer tipos.
Nas últimas décadas do século XX, um certo número de universidades com mais de 100 000 estudantes foi criado, ensinando através de técnicas de aprendizado a distância.

 




LISTA DAS UNIVERSIDADES MAIS ANTIGAS DO MUNDO

 

Nome
Cidade Sede
País
Ano de Fundação
Comentários
Ficava a 90 KM a sudeste de Patna (capital do estado de Bihar) e a 11 KM ao norte de Rajgir, a antiga Rajagrha.
Século V d.C.
Centro de estudos budistas. De acordo com fontes tibetanas, Nagarjuna ensinou lá. Nalanda fica bem perto do vilarejo de Bargaon.
859
Fundada em 859 por Fátima Al-Fihria, a filha de um rico comerciante chamado Mohammed Al-Fihri.
988
Em 1961, Al-Azhar foi re-organizada pelo governo de Nasser e várias faculdades foram adicionadas à universidade, tais como, medicina, engenharia e agricultura.
1088

1170
Em 1970 foi dividida em 13 universidades separadas
cerca de 1096

Itália (país em 1868)
1175

cerca de 1209

Espanha (país em 1492)
1218

1220

Itália (país em 1868)
1222

Itália (país em 1868)
1224

1229

Itália (país em 1868)
1240

1241
Fundada em Palência
1272

Portugal (país em 1143)
1290
Fundada em Lisboa, transferida definitivamente para Coimbra em 1537
1293
Fundada em Alcalá de Henares
1300

Itália (país em 1868)
1303

Itália (país em 1868)
1321

Itália (país em 1868)
1336

Itália (país em 1868)
1343

1348

Itália (país em 1868)
1361

1364

1365

1367

1386

1388

Itália (país em 1868)
1391

1396

1402

1404

1409

1412

1419

1425
Atualmente dividida entre falantes franceses (Université Catholique de Louvain), Lovaina-a-Nova e os falantes flamengos (Katholieke Universiteit Leuven), ainda em Lovaina
1431

Itália (país em 1868)
1434

1443

1451

1456

1457

1460

1472

1477

1477

1479

1494

1495

1499


 

UNIVERSIDADES MAIS ANTIGAS POR PAÍS OU REGIÃO APÓS 1500


A maioria dos países europeus já tinham universidades antes de 1500. Depois de 1500, várias universidades começaram a aparecer em outros países ao redor do mundo:

País
Nome
Ano de Fundação
Comentários
1506

1538

1551
Primeira universidade da América
1551

1559
Encerrou em 1759 com a expulsão da Companhia de Jesus de Portugal. Foi reaberta em 1973.
1562

1575

1579
Encerrou duas vezes e reabriu
1592

1594
Encerrou em 1759 quando da expulsão da Companhia de Jesus de Portugal
1595

1613

1631

1636
Foi fundada sob o nome de Harvard College (colégio de ensino superior); somente em 1780 foi mencionada pela primeira vez como universidade
1676
Foi fundada por ordem por ordem de Cédula Real do Rei Carlos II em 31 de janeiro de 1676.
1640
originalmente a Academia de Turku, mas movida para Helsinki em 1827
1653

1661

1663
Universidade de New Brunswick é a mais velha de língua inglesa no Canadá, fundada em 1785
1669

1724

1728

1747
A mais antiga escola de engenharia civil (não militar) do mundo.
1769
sucessora do Colégio Melitense, 1592
1792
A mais antiga instituição oficial de ensino superior do Brasil em atividade ininterrupta desde 1792, com a fundação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho mais tarde separada em duas instituições, uma militar e outra civil, as atuais Instituto Militar de Engenharia e a Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
1808
Foi incorporada à Universidade Federal da Bahia em 1946.
1811

1827
Transferida para Recife em 1854, passou ao nome de Faculdade de Direito do Recife e posteriormente incorporada à Universidade Federal de Pernambuco em 1946.
1827
Incorporada à Universidade de São Paulo quando de sua fundação em 1934.
1829

1837

1839
Foi incorporada à Universidade Federal de Ouro Preto em 1969.
1850

- 1857
- 1847
- a mais velha universidade completamente fledged no Sul da Ásia
- a mais velha universidade técnica
1863

1876
Foi incorporada à Universidade Federal de Ouro Preto em 1969.
1877

1882

1888

1891
Faculdade Livre de Sciencias Jurídicas e Sociaes do Rio de Janeiro e Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro se fundiram em 1920, que formaram a atual Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
1893
Incorporada à Universidade de São Paulo quando de sua fundação em 1934.
1896
Instituída por John Theron Mackenzie, que destinou em seu testamento significativo legado com a finalidade específica de ser instalado uma Escola de Engenharia, nos métodos pedagógicos das universidades estadounidenses.Incorporada à Universidade Presbiteriana Mackenzie.
1898
(discutivelmente Universidade de Wuhan, 1893)
1898
O curso jurídico em Goiás foi instituído pela lei n° 186, de 13 de agosto de 1898, cujo artigo 32 criou a Academia de Direito de Goiás.

 

UNIVERSIDADES FUNDADAS NO SÉCULO XX


País
Nome
Ano de Fundação
Comentários
1901
A ESALQ iniciou suas atividades em 1901, como resultado do desprendimento de Luís Vicente de Sousa Queirós. Em 1934, foi uma das escolas fundadoras da Universidade de São Paulo USP.
1902
A FECAP é uma instituição brasileira de ensino superior, sem fins lucrativos, cujo campo de estudo é gestão de negócios. Fundada em 2 de junho de 1902, a FECAP detém a mais antiga certificação de utilidade pública do Brasil, desde 1915. A instituição também foi a primeira a abrir os cursos de Economia (1934) e Contabilidade (1939) no país.
1905

1908

1908
(1994 como universidade)
Antiga ESAL (Escola Superior de Agricultura de Lavras) fundada em 1908 por Dr. Samuel Rhea Gammon, e seu primeiro diretor, Dr. Benjamim Harris Hunnicutt. Em 15 de dezembro de 1994, pela lei 8956, o Presidente Itamar Franco eleva a ESAL à condição de Universidade Federal de Lavras (UFLA). No ano de 2006 a UFLA foi eleita pelo Guia do Estudante como a terceira melhor universidade do país. Sendo a melhor do estado de Minas Gerais.
1909
Primeira Universidade do Brasil, a primeira com o termo escola universitária e em 1911 o nome universidade, pois, alem de reunir as três áreas do conhecimento(exatas, humanas e biologicas), foi a primeira a unir as faculdades em uma única administração a faculdade de medicina, a faculdade de engenharia, a faculdadde militar, a faculdadde de direito e a faculdade de ciências e letras. Foi também a primeira universidade a oferecer o curso de direito no país, enquanto a disciplina era só ensinada em instituições isoladas. Na década de 1940, por falta de recursos, uma parte foi extinta, sobrando apenas a faculdade de direito. Sendo federalizada em 1962, voltou a oferecer esses cursos. É a Universidade que mais mudou de nome: escola universitaria livre de Manáos (1909), Escola Universitária de Manaus (1910), Universidade de Manaus (1911), Universidade do Amazonas (1962), Universidade Federal do Amazonas (2002). Conheça: Universidade Federal do Amazonas.
1911

1911

1912
Foi incorporada à Universidade Federal de Pelotas em 1959.
1912
A Universidade Federal do Paraná, fundada em 1912 por Victor Ferreira do Amaral e outros intelectuais do Estado do Paraná, foi a primeira instituição de ensino superior do Brasil denominada Universidade. A pedra fundamental da Universidade foi lançada em 1892, por Rocha Pombo e só não teve êxito imediato por forças da Revolução Federalista. Após a extinção das Universidades pelo governo (Lei Maximiliano), foi a única a manter-se funcionando, ainda que separada em Faculdades (porém sob uma única direção), até a reunificação, em 1946.
1912
Evoluiu a partir da Faculdade de Medicina de Hong Kong, fundada em 1887
1913
A Universidade Federal de Itajubá foi fundada em 1913 com o nome de Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá (IEMI), tendo iniciado suas atividades no dia 16 de março. Em 16 de abril de 1968, o Decreto 62.567 alterou sua denominação para Escola Federal de Engenharia de Itajubá - EFEI e em 24 de abril de 2002, foi transformada em Universidade, com a denominação atual, adotando a sigla UNIFEI, por meio da Lei 10.435, sancionada pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.
1913
A UFRRJ tem suas origens no Decreto 8.319 de 20 de outubro de 1910, assinado por Nilo Peçanha, Presidente da República, e por Rodolfo Nogueira da Rocha Miranda, Ministro da Agricultura. Mas foi inaugurada oficialmente em 1913.
1914
Foi transformada em Universidade Federal de Alfenas em 2005.
1917

1918

1919

1920
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sendo a primeira federal do país, foi fundada em 1920 pela união de algumas escolas isoladas, a mais antiga das quais, a Escola Politécnica (Poli) de 1792. Sua primeira denominação foi Universidade do Rio de Janeiro, posteriormente, foi renomeada para Universidade do Brasil. Hoje em dia, ainda pode-se usar a denominação Universidade do Brasil.
1921

1924

1927
A UFMG foi criada em 1927 com o nome de Universidade de Minas Gerais (UMG) como uma instituição privada e subsdiada pelo Estado. Sua criação foi decorrente da união entre as quatro escolas de nível superior que então existiam em Belo Horizonte: a Faculdade de Direito (criada em 1882 em Ouro Preto e transferida para a atual capital em 1898), a Escola Livre de Odontologia (1907), a Faculdade de Medicina (1911) e a Escola de Engenharia (1911).
1931
Como Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas
1933
Como Escola Paulista de Medicina
1934

1934
1940
Sucessora do Sharia Law School fundado em 1531
1941

1945
A FEI Fundada oficialmente em 31 de agosto de 1945 teve sua primeira sede na Rua Dr. Siquera Campos no Bairro da Liberdade na cidade de São Paulo se instalando algum tempo depois definitivamente na Rua São Joaquim -, teve como seu primeiro curso Engenharia Química autorizado por Decreto em 9 de abril de 1946 assinado pelo Presidente General Eurico Gaspar Dutra.
1946
Como Universidade Católica do Rio de Janeiro
1952
O Instituto Presbiteriano Mackenzie iniciou suas atividades em 1870. Em fevereiro 1896, já em Higienopólis, teve início o primeiro ano letivo da Escola de Engenharia Mackenzie, sendo os diplomas ainda expedidos pela Universidade de Nova Iorque. Na década de 1940, o Mackenzie começou introduzir novas unidades e cursos, como a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras em 1946; Faculdade de Arquitetura, em 1947 e a Faculdade de Ciências Econômicas, em 1950. Em 1952 o Mackenzie é reconhecido por meio de decreto assinado pelo então presidente Getúlio Vargas como uma universidade.
1956
A Universidade de Caxias do Sul Foi fundada em 1956, com a fusão de outras cinco instituições que separadamente disponibilizavam Ciências Econômicas, Filosofia, Pintura e Música, Enfermagem e Direito que existiam na cidade gaúcha de Caxias do Sul. Sua principal filosofia é a qualificação da região serrana do estado, sendo a maior universidade do Sul do Brasil em números de alunos, com unidades em Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Vacaria, Canela, Farroupilha, Guaporé, Nova Prata, Veranópolis e São Sebastião do Caí e mais de 60 cursos superiores.
1958

1959
Como Universidade Católica do Paraná
1959
Criada em 1959, foi a primeira universidade do Centro-Oeste brasileiro. Foi criada como Universidade de Goiás, mudou para Universidade Católica de Goiás. Em 2009, a universidade recebeu título pontifício, passando a se chamar PUC Goiás.
1960

1960
Primeira universidade propriamente dita criada fora de uma capital.
1962

1962
Anteriormente denominada Universidade de Angola
1965
Fundada em 26 de novembro de 1.965, por força da Lei Estadual (MG) nº 3.596/65.
1966

1968
Criada em 1968, a UFSCar foi a primeira, e até hoje é a única, Universidade Federal do interior do Estado de São Paulo. Em março de 1970, ela recebia seus primeiros 96 alunos para os cursos de Licenciatura em Ciências, hoje já extinto, e Engenharia de Materiais, pioneiro na América Latina.
1969

1969
Foi inicialmente autorizada a funcionar em 14 de agosto de 1969 pelo decreto-lei nº 762 e se tornou uma Universidade Federal através da Lei no. 6.532, de 24 de maio de 1978. A UFU tem autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial. Sua organização e funcionamento são orientados por legislação federal, por seu Estatuto, Regimento Geral e por normas internas.
1970
Até a criação da Universidade, no ano de 1969, o atendimento às necessidades de ensino superior em Maringá era feito por três estabelecimentos estaduais: Faculdade Estadual de Ciências Econômicas, criada em 1959, Faculdade Estadual de Direito, criada em 1966 e Fundação Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, criada em 1966.
1973

1973

1981
Inicialmente denominada Universidade da Ásia Oriental
2000

1999

2001

2006
A universidade foi fundada em 2006, através da fusão de duas faculdades que funcionavam em diferentes locais: o Instituto Superior de Educação (ISE), localizado em Praia, e o Instituto Superior de Engenharias e Ciências do Mar (ISECMAR), localizado em Mindelo.

 

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